
O novo arco das histórias de Nemo conta com o exótico povo tribal que muito claramente faz referência as tribos africanas, que ainda hoje são um mistério e vistas com os mesmos olhos estereotipadores e preconceituosos da “civilização ocidental”.
Na época em que esta página foi publicada, o Coração das Trevas de Joseph Conrad ainda era novidade, e o seu alter ego Charles Marlow explorava as profundezas da vegetação do congo, enquanto lidava com a escuridão do coração humano. Já hoje em dia as fontes de informação sobre estas civilizações são muito menos escassas e mais acessíveis. Existem inúmeros autores africanos que mostram do ponto de vista que é provavelmente o mais válido acerca de sua cultura: o deles. O que infelizmente de forma geral não parece ter feito grande impacto na visão geral que se têm dos africanos, tribais ou não tribais.
O grande número de obras literárias escritas, principalmente nos períodos chamados pós-coloniais, estão aí para quem quiser absorver um pouco da vasta cultura africana e se tornar um pouco menos ignorante acerca destes povos. E só para não ficar sem citar ninguém, eu particularmente recomendo dois autores nigeríanos que conheci nas aulas de literatura que tive: Chinua Achebe e seu curto romance Things Fall Apart (Coisas Desmoronam, em uma tradução mais literal, e “Merda Acontece” em uma tradução menos respeitosa) que trata do contato entre uma tribo africana e os colonizadores ingleses cristãos que naturalmente se opõe a cultura local, mesmo que pacificamente à princípio; E Wole Soyinka, vencedor do nobel de literatura em 1986 que, entre uma vasta obra literária, escreveu uma peça não só tratando do contato entre tribais e colonizadores, mas também de conflitos inerentes à própria tribo que se vê obrigada a mudar seus costumes em prol da ‘modernização’: The Lion and the Jewel (O leão e a Jóia).
Já nas páginas de McCay as tribos africanas não são tão polêmicas quanto o Tintin no Congo, são simpáticas, e até irônicas em relação ao seus estereótipos, aqui retratados pela visão dos personagens, mas é interessante ver este resquício do imaginário do início do século XX.
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Esse Flip só se mete em encrenca! hahaha
É meu personagem favorito de longe. haha
Sempre quis ler o Coração das Trevas, depois que vi Apocalypse Now fiquei bastante interessado! Já sobre os estereótipos colonialistas, acho triste existir aberrações como Tintim no Congo, não havia lido nada dele e fui começar justo por esse, fiquei com uma péssima impressão, só mudei quando li outros álbuns. Mas na época a humanidade era bem mais resistente às culturas diferentes do que hoje, O McCay teve a manha de tratar este assunto com cordialidade e se saiu bem!
Sim, mas mais pra frente acontecem umas coisas um tanto insensíveis envolvendo negros e africanos.