O Pequeno Nemo [1989]

Em 1989 após anos de produção marcados por numerosas desventuras, o filme Little Nemo: Adventures in Slumberlend (“O Pequeno Nemo” no Brasil) foi lançado no Japão. Baseado nas tiras do Nemo, este filme foi feito em parceria entre o estúdio japonês Tokyo Movie Shinsha e o norte-americano Hemdale Pictures.

Não consegui encontrar nenhum trailer do filme no youtube (embora tenha encontrado o filme todo lá), mas este vídeo tem algumas cenas bem legais do filme, e é também um mini-resumo do filme todo:

Antes de seu lançamento o filme teve vários roteiristas e possíveis diretores (um deles Isao Takahata do grande estúdio Ghibli). A direção do filme acabou por ficar nas mãos de Masami Hata e William T. Hurtz, enquanto o roteiro final foi creditado a Richard Outten e Chris Columbus, roteirista de uma pilha de filmes dos anos 80 que você viu na Sessão da Tarde e, mais recente e famosamente, conhecido pela direção dos primeiros dois filmes da série Harry Potter.

O filme tem toda uma estilização de anime, inclusive o Design dos personagens o que tornou alguns deles quase irreconhecíveis.  Há personagens que foram inteiramente descaracterizados, como o Professor, um personagem que parece ter sido inspirado no Dr. Pílula (mas aqui ele é alto, magro e gentil). O Flip foi transformado em um adulto, mas sua aparência e personalidade se conservam, e alguns outros personagens que aparecem com mais ou menos destaque uma ou outra alteração, mas quase sempre em sua aparência. O que não é algo ruim, o character design do filme é muito bom, e a descaracterização de uma ou outra personagem pode ser bastante positiva para o enredo de uma adaptação.

 E aí entra a minha primeira decepção com este filme: O enredo. Ele explora muito menos do que poderia da Terra dos Sonhos. Ainda que a ambientação seja boa, e vários cenários e objetos que figuram nas tiras apareçam aqui, eles são mal usados, e as tramas das tiras que poderiam ter sido usadas para dar liga ao filme são preteridas à um roteiro bobo (Nemo liberta sem querer um pesadelo que sequestra Morpheus e a Princesa e este deve ir até a pesadelolândia salvar o rei).

Os sonhos de Nemo parecem ser um reflexo da sua carência afetiva: Aqui Nemo é premiado com a comum tragédia de ficção estadunidense onde o filho recebe pouca atenção do pai que é sempre muito ocupado com o trabalho. Para compensar isso, Morpheus age sempre como se fosse um pai para o garoto, tornando-o seu herdeiro e brincando sempre com ele, até que no fim do filme vem o momento solene de redenção (já visto em dezenas de outros filmes) em que o pai do guri resolve atender ao pedido do garoto e levá-lo ao circo.

O filme é moralista em relação ao fumólatra Flip, que como foi dito anteriormente é transformado em um adulto, e é deliberadamente censurado por seu hábito de fumar, sendo proibido duas vezes ao longo do filme de fumar seus charutos (sendo que a segunda proibição é uma sentença perpétua executada por Nemo).

Apesar da trama comum o filme é bastante divertido. Imagino que teria sido melhor ainda se assistido no contexto da época em que foi lançado. Mas fico com a sensação de que gostaria mais ainda de uma colagem das tiras em animação. Mesmo com o subaproveitamento das tiras, há diversas historinhas que são reproduzidas parcialmente em momentos do filme, e lugares marcantes aparecem como os jardins da Princesa (que aqui ganha o nome de Camille) e até mesmo o Salão da Confusão.

O filme gerou também um game para NES intitulado Little Nemo: The Dreamaster (Pequeno Nemo: Mestre dos Sonhos):

E uma pequena amostra do que o filme poderia ter sido nas mãos do Ghibli Studio:

Se estiverem interessados em saber mais sobre o filme o podcast Jwave fez um review bem legal sobre ele. Segue o link:

http://www.jwave.com.br/2011/07/jwave-56-o-pequeno-nemo.html

Blog no WordPress.com.

Acima ↑